quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Converso com o meu espelho todos os dias, mas prefiro me ver em setembro, não em meses como fevereiro ou março, onde tudo tende a perder a graça pra quem espera sempre mais. Não poderia contar a você, a esperança que setembro me trás. Me trás cheiros, gostos, e prazeres secretos a anos como num ritual afim de que chegue logo o fim, ou desvende o mistério, complicado seria eu te dizer. Posso então convidar-te a assistir setembro ao meu lado. Seria maravilhoso, em dias de sol, sentaríamos assim nesse mesmo lugar e planejaríamos tudo. O motivo dos sorrisos, as defesas contra a dor. Mas não esqueçamos nunca: temos que nos surpreender! Cada dia uma surpresa , cada dia conhecer um dos teus sorrisos.
gostaria de te mostrar a minha coleção de CDs, você nem sabe, mas um dia, serão história e eu tenho vontade de contá-las. Quem sabe aos meus netos, mas não sei se terei filhos ... nunca pensei numa vida assim, bonita. Longes de todos os dramas e adepta de doses forte de realidade. Mas eu queria ter um, ou quem sabe três, o que você acha de três?
não responda agora não, ainda não chegou setembro! Temos tempo.
sabe, mesmo nos dias mais frios do ano este senhor levanta-se as cinco da madrugada, e caminha cinco voltas ao redor do parque e eu desconfio que seja alguma superstição ou forte apego a este numero, que a mim pouco importa.
ele usa cinco camisas, talvez repita alguma no fim de semana, mas isso eu não consegui perceber, porque nestes dias, eu durmo.
gosto das terças, ele usa um cinza e parece que adivinha e chama paciente o frio pra esta cidade. Mas toda sexta feira, é um vermelho que cega. De manhã, não deveria fazer isso, vendo-o me perco acordado ainda mais. O vermelho me lembra o amor.
preciso de algumas doses, você se importa de me servir?

(silêncio)

O tempo parou pro teu olhar brilhar, como é lindo! Sorria, agora.
me encantou, me serviu, dominou.
sabia desde o início que poderia.

Agora espero que todas essas horas passem, que o telefone toque, que eu me sinta menos sozinho. Criança, é tão difícil de repente perceber que não pode livrar-se delas sozinho, é, dessas coisas que acumulamos durante a vida, afetos precisamente. É como olhar pra trás e ver que criamos dependências e aí, veio essa amarga vontade de deixar pra trás, mas não dá. Eu não me permitiria, e me sinto no direito de culpar a minha teimosia inconveniente. Olhando para dentro, você percebe que seu espaço é relativo, assim como muitas das coisas dessa vida – para mim, esta deveria ver seus conceitos, e artimanhas. Está ficando repetitiva e escura demais, com todo este tempo passando com pressa, vamos nos perder. – As vezes o meu espaço se fecha e eu tenho vontade de pular do quinto andar, só pra ver até onde iriam as minhas asas. Mas aí eu penso em você. Estou confuso. Por tantas conversas esqueci de dizer-te, eu tenho necessidades estranhas. Agora mesmo, me veio de repente a vontade de ficar só.
mas não esqueça: de vez em quando, volte sempre. EU TE ESPERO.



(sabia que seria assim).

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