O retrato que eu rasguei , eu amo.
o que eu te escondi, foi sem querer.
por todas as horas que pensei, o medo falou por mim.
não quis te perder.
quis te proteger.
e foi isso mesmo o que aconteceu, embora eu não tenha
outra certeza pra te entregar, a que eu tinha eu te dei.
minha cabeça deu voltas, e eu não saí do lugar.
não comi.
não tive fome.
não bebi,
e o que é sede?
a garganta seca, como todo o resto.
eu me perguntei: onde foi parar todo sangue pulsando
aqui dentro?
eu não me respondi.
eu me deitei, lado esquerdo, direito.
cabeça no travesseiro, pensamento em ti.
as ultimas gotas de água da garrafa caíram sobre meu corpo.
seco, continua.. e agora chove.
mas aqui dentro não molha, e seco, continua..
levantei, fui até a sala onde ficaram espalhados os últimos
retratos, procurei desesperada numa lentidão assustadora
por teu rosto pálido.
por teu sorriso ou tua cara assustada.
lavei o rosto e molhei meu cabelo.
era como se pudesse regar as veias secas.
E pudesse por algo em teu lugar
fazendo me sentir mais viva.
e o dia passando, e eu a te esperar.
escrevi, rabisquei, desenhei.
era um anjo lindo, de asas coloridas
que veio pra ficar, mas de repente
desaparecia junto com o sol.
e eu abandonada aqui, sozinha sem retratos, sem lembranças
num mundo amassado,num mundo jogado fora.
e eu só quis te proteger. sem saber o que falar. sem saber
o como agir, ou o que pensar, nessas horas, se pensa?
-
e seco continua (...)
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